Enero 26, 2006

Cresce a Ameaça do Terminator: Encontro intergovernamental para atacar o problema das sementes suicidas

Os povos indígenas, as organizações de agricultores e os representantes da sociedade civil estão se unindo para defender uma moratória de fato das Nações Unidas sobre a tecnologia de esterilização de sementes - a moratória está atualmente sob ataque da indústria multinacional de semente e biotecnologia. Uma reunião da Comissão sobre Diversidade Biológica, onde as "sementes suicidadas" estão na agenda, acontecerá na Espanha na próxima semana. A moratória das Nações Unidas - a qual tem recomendação contra os testes a campo e a venda comercial da tecnologia de esterilização de sementes - está sob ataque. A Delta & Pine Land (uma companhia multinacional de sementes) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos recentemente obtiveram novas patentes sobre o Terminator na Europa e no Canadá.

O Terminator (também conhecido como tecnologia de restrição de uso genético - "genetic use restriction technology - GURTs", em inglês) refere-se a plantas que são modificadas geneticamente para produzirem sementes estéreis na colheita. A tecnologia foi desenvolvida pela indústria multinacional de sementes/agroquímicos e pelo Governo do Estados Unidos. Se comercializado, o Terminator irá impedir que os agricultores guardem sementes de suas próprias colheitas, forçando-os a retornarem ao mercado comercial a cada ano e determinando o fim da agricultura localmente adaptada através da seleção de sementes. A vasta maioria dos agricultores no mundo guarda, rotineiramente, sementes originadas de suas colheitas para replantar.

Uma "bomba" em Bancoc: Há quase um ano atrás, o governo do Canadá e seus aliados da indústria de sementes fez uma escandalosa solicitação para desmantelar a moratória das Nações Unidas sobre a tecnologia de sementes Terminator, em um encontro ocorrido em fevereiro de 2005 do corpo consultivo científico para a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) em Bancoc. Um memorando que vazou revelou que o governo canadense estava preparado para pressionar por uma redação que permitisse testes a campo e a comercialização do Terminator. Ao final, o governo canadense foi forçado a, publicamente, distanciar-se do Terminator, em resposta a protestos de cidadãos ocorridos no próprio Canadá, e em decorrência de intervenções cruciais de outros governos que sustentam a moratória. 

"A promessa de maiores lucros é simplesmente tentadora de mais para a indústria abrir mão das sementes Terminator," explica Lucy Sharratt, coordenadora da Campanha Internacional para Banir o Terminator (www.banterminator.org). "As sementes Terminator tornar-se-ão uma realidade comercial a menos que os governos ajam no sentido de evita-la," concorda Hope Shand do Grupo ETC.

A Campanha para Banir o Terminator, lançada em resposta aos ataques sobre a moratória da CBD, tem como objetivo promover o banimento da tecnologia Terminator por governos, em níveis nacional e internacional. Também dá suportes aos esforços da sociedade civil, agricultores, povos indígenas e movimentos sociais que trabalham contra as sementes suicidas.

 

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